As margens do rio Tietê, na região metropolitana de São Paulo, uma neblina espessa se arrastava pelo chão, criando um cenário quase surreal. Sob uma das pontes que levava ao sentido Barueri, o som do trânsito acima era constante, mas lá embaixo, tudo parecia mais silencioso, quase isolado do mundo lá fora.
Júlio e Marcos, dois amigos de escola, estavam embaixo da ponte procurando sapos para uma pesquisa de biologia. Com lanternas em mãos, eles examinavam o solo úmido e as pequenas poças de água, atentos a qualquer movimento. O projeto escolar exigia que coletassem informações sobre os anfíbios da região, mas naquela noite, encontrariam algo muito mais perturbador.
"Ei, você viu isso?" Júlio sussurrou, parando de repente.
Marcos olhou para onde Júlio apontava e seus olhos se arregalaram de medo e incredulidade. Na penumbra, entre as sombras da ponte, uma criatura metade homem, metade lobo se movia silenciosamente. A luz da lua cheia revelava seus olhos brilhantes, dentes afiados e um corpo musculoso coberto de pelos escuros e desgrenhados.
A criatura parecia ciente da presença dos meninos. Por um momento, o tempo pareceu parar. Júlio e Marcos mal podiam respirar, temendo que qualquer movimento ou som chamasse ainda mais a atenção do monstro.
"Vamos sair daqui... devagar...", sussurrou Marcos, sua voz trêmula.
Com o máximo de cuidado, começaram a se afastar, tentando não fazer barulho. No entanto, o silêncio foi quebrado pelo som de um galho se partindo sob o pé de Júlio. A criatura virou a cabeça abruptamente na direção deles, soltando um rosnado profundo que ecoou pelo espaço vazio sob a ponte.
O coração de Marcos disparou. "Corre!" ele gritou, e ambos começaram a correr o mais rápido que podiam, seus passos ecoando no chão úmido e desigual.
Subiram rapidamente a ladeira que levava à pista, as bicicletas estavam escondidas atrás de alguns arbustos. Sem olhar para trás, montaram nas bicicletas e pedalavam com todas as suas forças. O som dos pneus no asfalto e o vento no rosto era a única coisa que conseguiam focar, tentando deixar para trás a imagem aterrorizante da criatura.
Enquanto se afastavam do rio Tietê e da ponte, começaram a sentir um pouco de alívio. Ainda assim, a adrenalina os impulsionava a continuar pedalando, não se atrevendo a parar até estarem bem longe dali.
Finalmente, chegaram a um local mais movimentado e seguro, onde diminuíram a velocidade e pararam para recuperar o fôlego. Ofegantes e suando frio, eles se olharam, ainda tentando processar o que havia acontecido.
"Isso foi real?" perguntou Júlio, ainda tremendo.
"Foi", respondeu Marcos, com os olhos arregalados. "E a gente precisa contar pra alguém. Não podem continuar ignorando o que está acontecendo aqui."
Determinaram que iriam contar a seus pais e professores sobre a criatura que encontraram, esperando que alguém acreditasse em sua história e tomasse providências. Naquela noite, Júlio e Marcos sabiam que a pesquisa escolar havia tomado um rumo completamente inesperado, e que o que viram não seria facilmente esquecido.
Fonte: estranhoeincrivel.blogspot.com