Algumas pessoas acusadas de serem "loup-garous" aparentemente foram linchadas desde o terremoto, inclusive um homem assassinado por desabrigados no acampamento de La Grotte, num morro quase inacessível na periferia da capital.
"Depois do terremoto, o 'loup-garou' fugiu da prisão. Ele se gabava de que estava na prisão porque foi flagrado comendo crianças (...). Durante a noite ele entrava nas tendas e tentava tirar o filho dos outros", disse a refugiada Michaelle Casseus.
Em outro acampamento, moradores contaram que surraram um homem até quase a morte depois que ele tentou sequestrar um bebê durante a noite. Patrulhas noturnas foram criadas para deter esses supostos espíritos.
"O 'loup-garou' está se aproveitando do terremoto para comer as crianças", disse Milot Bazelais, funcionário público que ficou desabrigado no terremoto e também trabalha em uma ONG que ajuda crianças do bairro. Ele ouviu dizer que uma patrulha matou uma mulher possuída antes que ela conseguisse mudar de forma.
A maioria dos 9 milhões de haitianos é católica, mas muitas pessoas também praticam o vodu, uma religião com origens africanas.
A crença nos "loup-garous" independe da afiliação religiosa, mas é mais forte entre os mais pobres - que são maioria neste que é o país mais miserável das Américas.
Sylvain Lafalaisse, secretário de Finanças Estatais do governo, disse que o medo é maior em épocas de desarticulação social.
"As pessoas falam nos 'loup-garous' para dar nome aos seus medos, mas são ladrões de crianças (...), não espíritos malignos".
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